Patrão Lagoa
Faz hoje 92 anos que faleceu o primeiro Lobo do Mar, assim era conhecido.
"Arriscou vezes sem conta a própria vida em diversos salvamentos e teve altas recompensas honoríficas dos reis de Inglaterra dos presidentes de Portugal e da França, por abnegados socorros a náufragos. Recebeu de sociedades nacionais e estrangeiras de socorros e humanitárias as mais elevadas distinções.
Finava pobre e esquecido, aos 53 anos de idade, vítima de uma tuberculose pulmonar.
Finava pobre e esquecido, aos 53 anos de idade, vítima de uma tuberculose pulmonar.
A sua morte enlutou se bem que esperada enlutou a Póvoa inteira. A classe tinha-o endeusado. A colhia-o com extremado respeito e admiração. Os pais contavam aos filhos muitos dos seus feitos heróicos, em que os maiores perigos e mais difíceis obstáculos eram vencidos à custa de muito destemor pela vida e experiência de ofício, para que eles vissem neste homem simples, mas valente, o grande exemplo a seguir.
Praticamente sem instrução, filho de pescadores, conseguiu, contudo, elevar-se uns furos acima dos seus camaradas de classe. Muito embora fosse um marítimo com extraordinárias qualidades na arte de pescar e navegar, o certo é que a sua actividade não se confinou à exploração do pescado. Conseguiu, não sem compreensível sacrifício, ser amanuense na Câmara Municipal. Entretanto, lutando por uma sobrevivência menos difícil, abria um estabelecimento de mercearia e vinhos.
A este cadinho de profissões, juntou ainda a de nobre timoneiro do salva-vidas «Cego do Maio» que, com o nome «Dona Amélia», capitaneado pelo famoso Patrão Sérgio, formavam uma esquadra plena de confiança no salvamento de vidas humanas. A sua acção não se circunscrevia ao mar da Póvoa. Qualquer naufrágio das redondezas, tinha o salva-vidas «Cego do Maio» pela proa!"
Extrato da notícia e foto retirados do Jornal de Notícias de 7 de Junho de 1970, da autoria do jornalista José de Azevedo.
Sem comentários:
Enviar um comentário